sábado, 13 de agosto de 2016
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
#7- Introdução a Fitopatologia (parte 3)
JUROS SIMPLES
E JUROS COMPOSTOS EM FITOPATOLOGIA?
Antes de
iniciar o assunto dos demais tipos de controle para fitopatógenos, eu
fiz uma releitura da parte 1 e gostaria de trazer a luz de vocês um
conceito útil na tomada de decisão dos métodos de controle,que
seria o ciclo de vida dos patógenos (ciclo primário e ciclo
secundário).
O ciclo
primário é uma característica de patógenos que produzem inóculo
apenas uma vez quando estão na cultura, em outras palavras durante
todo o ciclo da cultura (plantio até a colheita) não ocorrem novas
infecções, logo se a quantidade de patógenos primários em uma
cultura é baixa a intensidade da doença também é baixa! O aumento
da incidência da doença ocorre gradativamente a cada plantio, vamos
pegar a cárie do trigo como exemplo, no caso as sementes infectadas
carregam ustilósporos os quais são dispersos e atingem a superfície
de sementes sadias, após o plantio o fungo infecta a planta e novos
ustilósporos serão produzidos nas sementes.
O que ocorreu
então? O fungo que causa doença foi disperso, infectou novas
sementes, após o plantio produziu novas estruturas de sobrevivência
nas sementes infectadas,foi disperso...e assim continua!
O ciclo
secundário ocorre quando após a infecção primária a planta
continua produzindo mais inóculo e gerando novas infecções, a
ferrugem asiática da soja é um exemplo de doença que apresenta
ciclo secundário, no caso os esporos (inóculo primário) são
dispersos pelo vento atingem folhas sadias,iniciam o ciclo primário
produzindo novos esporos (inóculo secundário) que são dispersos
novamente e causam novas infecções e por aí vai!
As doenças de
juros simples tipicamente são: murchas, cáries, carvões,
tombamentos, podridões radiculares e as de juros compostos:
antracnoses, ferrugens, manchas foliares e viroses (via inseto
vetor).
Bem, acho que
deu pra pegar um pouco o fio da meada, qualquer dúvida podem deixar
nos comentários.
partindo para a parte 3 propriamente dita,vou começar falando sobre controle cultural.
Puxando para
sistemas alternativos (agricultura orgânica) o controle cultural é
um grande trunfo. A rotação de culturas por exemplo é uma medida de controle
cultural (você pode ler um pouco mais neste post: http://doutordocampo.blogspot.com.br/2016/07/rotacao-de-culturas-para-pequenos.html), e sua
efetividade vai depender dos tipos de patógenos na área,caso sejam patógenos
com ampla gama de hospedeiros como a Sclerotinia sclerotiorum (fungo causador do mofo branco) forçam
a utilização de outra medida de controle.
(Sclerotinia sclerotiorum)
Outros métodos que se enquadram como controle cultural:
A eliminação
de restos culturais desde que economicamente viável tem grande
potencial como por exemplo no controle do mofo cinzento (causado por
Botrysis cinera) que é a doença mais importante da cultura da rosa.
Adição de
matéria orgânica que vai introduzir microrganismos benéficos que
irão competir com os patógenos além de melhorar as condições
químicas e físicas do solo.
Drenagem que é
uma medida bastante eficiente no controle de Oomycetes pois eles
dependem muito de água.
Eliminação
de plantas vivas doentes reduzindo a fonte de inóculo, a
eliminação de plantas doentes em geral é uma medida largamente
adotada para o controle de vírus como o CVT e bactérias como o Candidatus Liberibacter spp. (causador do greening ou doença do dragão amarelo),
Manejo do
stand de plantas, essa medida visa a alteração do microclima
(modifica-se a umidade relativa, luminosidade, ventilação) através
da mudança no espaçamento no geral é uma prática pouquíssimo
utilizada pois a tendência em todos os lugares do mundo para todas
as culturas é o de adensar as plantas para garantir maiores
produtividades, se por um lado ganha com produtividade historicamente
isso eleva a maior incidência/severidade de pragas e doenças.
Ainda entram
nas medidas o manejo da irrigação, seleção do local de plantio,
material propagativo sadio, seleção da época de plantio e manejo
da profundidade de plantio, que com o plantio mais raso das sementes
além da planta germinar mais rápido ficam menos tempos expostas aos
patógenos.
Solarização
São usados
geralmente em casas de vegetação, viveiro e pequenas áreas,pode-se
utilizar: aquecimento,onde são empregadas o uso de vapor (ideal para
o tratamento de substratos,pois penetra melhor no solo e fornece
maior quantidade de calor) e água quente (ideal para tratar vasos ou
bandejas, e também partes de plantas), a imersão de partes de
plantas em água quente é conhecida como termoterapia, exemplos:
tratamento em mamões contra a antracnose,usando dupla imersão 42 C –
30 Min e depois 49 C- 20 Min , a cana em 50,5 C por 2 Horas para
tratar o carvão da cana (causado por Ustilago scitaminea) ,
bulbilhos de alho e rizomas de bananeira a 55 C por 20 min contra
nematoides, a termoterapia pode ser utilizada no tratamento de
sementes de repolho conta a podridão-negra (causada pela bactéria
Xanthomonas campestris pv. Campestris) com imersão a 50 C durante 30
Min. O aquecimento com ar seco também pode ser usado principalmente
na pós colheita da batata-doce e em sementes de algodão e cevada.
Solarização,
consiste na cobertura do solo com filme plástico,para aumentar a
temperatura do solo com a energia solar, com o aumento da temperatura
os patógenos são inativados, o princípio da solarização é
semelhante ao do efeito estufa onde ocorre a transmição de ondas
curtas para o solo e impede a saída de ondas longas, melhores
resultados são alcançados quando o solo está úmido, pois tem-se
maior condutividade térmica,segundo os estudiosos canteiros
solarizados por 60 e 90 dias obtiveram bons resultados.
A radiação
ionizante (ondas de alto conteúdo energético), como a ultravioleta
(UV), raios X e raios gama, apesar de ser considerado seguro pelo
órgãos de fiscalização e saúde pública uso de radiação para o
controle de doenças de plantas, a dose necessária pode causar danos
ao tecido vegetal e o custo é elevado a radiação tem sido
utilizada também como fator de formação de resistência como no
estudo com maças tratadas com UV-C adquiriram maior resistente ao
fungo causador do mofo-azul.
O controle
biológico busca reduzir a população de patógenos através de
organismos antagonistas,as medidas envolvidas nesse tipo de
controle estão associadas as interações como competição por
nutrientes, competição por minerais (especificamente o ferro,que é
um elemento limitante para o metabolismo devido sua baixa
disponibilidade no solo e grande importância para o ciclo de vida
dos patógenos), competição por espaço, antibiose (acumulo de
compostos orgânicos de baixo peso molecular que são deletérios a
fitopatógenos), hiperparasitismo (um microrganismo parasita o
outro), resistência induzida (introdução de estirpe fraca fazendo
com que a planta acione mecanismos de defesas e por consequência
permaneça protegida de uma estirpe mais virulenta,medida usada em
citros para o controle do vírus da tristeza), alelopatia e
hipovirulência também são medidas do controle biológico.
No ano de 2015 a Embrapa lançou uma cultivar de soja RR resistente aos nematoide do cisto (raças 3, 4, 6, 9, 10 e 14) e das galhas (Meloydogine incognita e M. javanica), batizada com o nome de BRS 7380RR.
É de longe o
melhor método de controle, será que algum dia vamos obter
variedades absolutamente livres de qualquer infecção?Por exemplo,
um cafeeiro imune a Hemileia vastatrix (ferrugem do cafeeiro), no
geral encontramos variedades que são mais ou menos resistentes (ou
seriam tolerantes?alguns autores defendem que tolerância é uma forma
de resistência...bom enquanto os estudiosos não chegam em um
concesso vou tratar apenas do termo resistência).
Quanto aos
mecanismo de resistência,temos:
Mecanismos
pré-existentes: a arquitetura da planta e suas estruturas dificultam
a entrada do patógeno, através de barreiras como a espessura da
cutícula, presença de compostos tóxicos (fenóis por exemplo),
conformação e número de estômatos.
Mecanismos
pós-penetração: Produção de substância tóxicas
(resinas,lignina, tiloses) afim de retardar ou impedir a colonização
do patógeno.
A resistência
pode ser de dois tipos: vertical ou horizontal.
Na resistência
vertical é o que os estudiosos chama de "100% ou nada", ou
seja uma variedade pode ser totalmente resistente a uma ou mais raça
de um determinado patógeno e para outras raças ser totalmente
suscetível, esse tipo de resistência também é conhecida como
resistência qualitativa. E está associada a um ou pouco genes e por
isso tem efeito maior não sendo afetada por fatores ambientais.
Na resistência
horizontal é onde uma variedade possui sempre uma certo grau de
resistência a todas as raças de um determinado patógeno e por
isso é conhecida resistência quantitativa, em geral é uma
resistência envolvida por muitos genes (larga base genética) e isso
faz com que individualmente tenham efeito menor e ao se juntarem
tenham efeito maior (similar ao que acontece com a resistência
vertical, o fato de serem um ou poucos genes possibilita a "ligação"
de maneira contínua muito fácil porém por serem poucos genes ou
quando é apenas um e eles não se "ligam" de maneira
devida sua expressão é muito menor que a de variedades com
resistência horizontal e por isso se tornam totalmente suscetíveis).
A resistência horizontal pode ser afetada por fatores ambientais ela
também atua no progresso da doença enquanto a resistência vertical
atua na redução de inóculo inicial.
A obtenção
de variedades resistentes é possível graças ao refinamento de
diversas técnicas, temos a hibridação que é transferência de genes
que conferem resistências em uma espécie ou variedade para outra ou
com a manipulação do genoma das plantas com utilização de
mutações para aumentar a freqüência de material resistente por meio
de alterações não controladas no genoma.
Por fim, todas
essas medidas podem ser agrupadas por princípios de controle.
Exclusão, erradicação, proteção, imunização, escape e terapia.
Exclusão:
visa impedir ou reduzir a chance de introdução de um patógeno em
uma área onde o mesmo não ocorre. Exemplos: Legislação
fitossanitária (quarentena), adquirir sementes e mudas sadias,
tratamento de mudas e sementes, desinfestação de máquinas e
implementos, uso de pedilúvios.
Erradicação:
visa eliminar o patógeno ou reduzir sua população da área onde se
estabeleceu. Exemplos: rotação de culturas, inundação, pousio
(vazio sanitário), preparo do solo, drenagem, plantas antagonistas,
eliminação dos restos de cultura, adição de matéria orgânica,
solarização, utilização de defensivos agrícolas (agrotóxicos),
eliminação de plantas doentes.
Proteção:
visa evitar infecções das plantas pelo patógeno que está no
local. Exemplos: fungicidas protetores, uso de inseticidas, controle
biólogico, tratamento de sementes, tratamento pós-colheita, manejo
do ambiente de cultivo.
Imunização:
visa utilização de plantas resistentes. Exemplos: Resistência
vertical, resistência horizontal, proteção cruzada, plantas
transgênicas, resistência induzida.
Terapia: visa
tratar ou curar infecções. Exemplos: Termoterapia, Cirurgia, Podas,
Quimioterapia.
Escape: visa
diminuir as condições para o desenvolvimento do patógeno. Exemplos:
Escolha da área e do local de plantio, escolha da época de plantio,
modificação das práticas culturais , técnicas de armazenagem de
grãos.
Vejo vocês na
parte 4!
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Rotação de Culturas Para Pequenos Agricultores
(Exemplo de planejamento envolvendo rotação de culturas,Obs: imagem retirada do Google, batata inglesa não é raiz e sim tubérculo!!!)
Na minha opinião, a grande desvantagem da rotação de culturas para pequenos agricultores é a falta de crédito, se já está difícil pegar crédito para grandes culturas imagina para rotação usando adubo verde...é meus amigos as vezes não basta sonhar e ter um bom projeto, dependemos da boa vontade dos bancos.
Gostaria começar
descrevendo sobre a origem do plantio direto, o f**** é que na
literatura que tenho acesso não achei muito sobre fatores
históricos, porém não é difícil de se imaginar que assim como a
adubação verde, que foi utilizada na Europa e levada a Ásia, muito
provavelmente pela influência/domínio dos povos asiáticos devido a uma forte expansão de seus territórios, acredito que a
rotação de culturas em alguma parte da história tenha cruzado com
um destino similar.
Ainda assim, podemos
encontrar alguns exemplos em lugares impressionantes,nos
documentários que apresentam sociedades africanas que mantém vivas
seus valores e que praticam uma agricultura "simples" é
comum o uso de rotação para evitar o cultivo em um mesmo espaço
por mais de um ano.
Rotação de culturas é
exatamente isso, alternar em um mesmo local , diferentes culturas
evitando a degradação química, física e biológica do solo
promovendo o uso sustentável do solo e a manutenção da
produtividade das culturas.
Não deve ser confundida com
sucessão de culturas que é a mudança de culturas após o
encerramento do ciclo de cultivo de cada uma dentro do ano agrícola,
enquanto a rotação de culturas é um planejamento de longo prazo
que envolve aspectos técnicos e econômicos para se chegar a um
equilíbrio biológico alterado pela práticas agrícolas, devido ao
rápido ciclo que temos na sucessão de culturas esse equilíbrio não
pode ser estabelecido completamente e portanto sendo uma prática que
está atrelada mais há aspectos econômicos.
A rotação de culturas deve
seguir alguns princípios:
1) As culturas empregadas na
rotação de culturas devem apresentar diferentes profundidades do sistema
radicular e exigências nutricionais. Se possível interações alelopáticas entre as culturas.
2) Alternância de culturas
não hospedeiras das mesmas pragas e/ou doenças.
3) Intervalo suficiente para
que todas as culturas empregadas consigam cumprir seu ciclo
4) Adequação à demanda do
mercado consumidor da região (em outras palavras deve-se levar em
conta a facilidade de comercialização das culturas que serão
rotacionadas)
Vale ressaltar que uma
cultura não devo voltar para mesma área em que estava sendo
cultivada com menos de 2 anos, alguns pesquisadores defendem um
intervalo maior (3 anos, para mais) e se formos analisar é algo
bastante válido pois é uma forma de controle à pragas e doenças
(lembram-se do triângulo da doença? Pois é, mesmo com a praga na
área e ambiente favorável como não há hospedeiro suscetível não
ocorre doença) além de garantir a completa decomposição da
biomassa da área. Na minha opinião o tempo para se voltar com a
cultura deve ser estabelecido de acordo com a relação C/N já que
um dos princípios da rotação não seria a alternância de culturas
não hospedeiras de mesmas pragas e/ou doenças??
Estudos ainda mostram que a
batata não deve ser alternada diretamente com plantas da mesma
família (Solanaceae, exemplos: tomate, fumo, beringela...) ou por
plantas suscetíveis a nematoides principalmente ao da galha
(Meloidogyne sp.) e especificamente a soja por ser suscetível ao
Heterodera glycines causador do cisto da soja. O feijão (que ta
tipo: "fui abrir um pote de sorvete dentro do freezer e tinha
sorvete mesmo") caí bem sendo substituído por milho,mamona ou algodão. Por falar em algodão ele pode ser
alternado com milho ou por um adubo verde indicado para sua
região.
Na minha opinião, a grande desvantagem da rotação de culturas para pequenos agricultores é a falta de crédito, se já está difícil pegar crédito para grandes culturas imagina para rotação usando adubo verde...é meus amigos as vezes não basta sonhar e ter um bom projeto, dependemos da boa vontade dos bancos.
Inté a proxima!
Fiquem com Deus,
Dr.do Campo
quinta-feira, 21 de julho de 2016
#6 - Introdução a Fitopatologia, parte 2
Olá amigos,
Nesta segunda parte da
"introdução a fitopatologia" abordarei os aspectos de
controle químico para fitopatógenos. (Obs: na terceira parte vou
escrever sobre os demais tipos de controle e na última para fechar o
conteúdo tratarei sobre a etiologia e epidemiologia das principais
doenças nas culturas de maior impacto econômico).
(Escultura de
Alexis Millardet em Bordeaux, França. Criador da Calda Bordalesa,
importante fungicida que a principio foi utilizado para o controle do
míldio da videira.)
(Classes
toxicológicas de agrotóxicos, segundo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento.)
O uso de
agrotóxicos além de riscos para saúde humana, pode
acarretar danos ambientais. Benzimidazois em macieiras, por
exemplo, leva a mortalidade da população de minhocas da
área,retardando a decomposição dos restos foliares (a macieira é
uma planta caducifólia).Ácaros-predadores também apresentam
sensibilidade ao benzimidazol o que pode levar ao rápido
estabelecimento de ácaros fitófagos e mais um problema na conta do
produtor rural.
A
comercialização dos agrotóxicos é feita
através de diferentes formulações em conjunto com adjuvantes
(substâncias inertes) para facilitar o manuseio da calda e a
aplicação do produto,além de ajudar na estabilidade da suspensão
e na eficiência do produto .As principais formulações são:
GRANULADOS
(G OU GR): mistura dissolvida mais agente carreador
(argila,por exemplo) formando grânulos que serão aplicados
via solo. Apresentam como vantagens: nenhuma deriva, dispensa água
para aplicação e liberação gradativa do princípio ativo.
PÓ SECO
(PS): contém menos de 10% do ingrediente ativo, PS
geralmente está associado a agrotóxicos a base de enxofre,
como diluente são utilizados talco ou bentonita para ajudar
na dispersão das partículas e evitar a formação de grumos
que prejudicam a aplicação e a eficiência do produto.É vantajoso
para o tratamento de sementes pois não incorporam umidade,
facilitando a armazenagem ou plantio em SPD.
PÓ
MOLHÁVEL (PM): as partículas são finamente moídas,
além do ingrediente ativo há o agente molhante que pode ser
iônico ou não iônico (preferência
por não iônicos para evitar a precipitação com água rica em sais
minerais) pode conter também agente espessante e agente hidrofílico,apresenta de 25% a 50% de ingrediente ativo.
SUSPENSÃO
CONCENTRADA (SC): as partículas são finamente moídas chegando
a ser de 10 a 15 vezes menores que na formulação PM, são
de fácil dispersão e de grande estabilidade.Uma vantagem da SC
é a afinidade com água. Permite eficaz tratamento de
sementes por facilitar a penetração e cobertura do ingrediente
ativo na semente.
CONCENTRADO
EMULSIONÁVEL (CE): o ingrediente é dissolvido em óleo
que está associado a um surfactante (reduz a tensão
superficial que melhora o espalhamento) dispersa em água
formando uma emulsão estável (mistura de substância hidrofóbica em
água devido agente dispersante).Não utilizar CE em
culturas que apresentam sensibilidade a óleo.
O método de
aplicação é determinado pelo tipo do equipamento de aplicação
disponível, formulação do produto e tipo da cultura.Alguns métodos
de aplicação são:
PULVERIZAÇÃO
(utilizado em PM, SC, CE via bomba costal,barra de pulverização ,
entre outros implementos) POLVILHAMENTO (utilizado em PS por
meio de polvilhadeiras, tem a vantagem de não necessitar de água e
sua desvantagem é baixa aderência quando utilizada nas parte aéreas
de plantas), APLICAÇÃO DE GRANULADOS (utilizado em G e GR,
com granuladeiras via solo, no sulco ou cova de plantio,não
necessita de água), FUMIGAÇÃO (aplicação de produto
volátil que emitirá gases tóxicos a patógenos).
Os agrotóxicos
para controle de doenças em plantas são classificados de acordo
com seu modo de ação, produtos que não penetram no tecido da
planta e formam uma camada externa no local de aplicação são
denominados protetores ou de contato. Produtos que são
absorvidos pela planta e translocados de um ponto a outro, são
denominados sistêmicos e ainda existem os neo-sistêmicos
ou de profundidade que são absorvidos pela folha e tem
translocação translaminar (movimento adaxial-abaxial por exemplo).
Entre os
protetores se destacam o enxofre elementar que é
compatível com muitos fungicidas além de ser de baixo custo e
apresentar baixa toxicidade (grupo IV) exceto para Rosaceaes
(macieira,por exemplo) e Curcubitaceaes (melão,por exemplo)
quando aplicado em altas temperaturas. E os cúpricos (a
base do cobre), a Calda Bordalesa (sulfato de cobre
penta-hidratado + cal virgem) é um fungicida desse
grupo que é bastante conhecido sendo utilizado no controle da
ferrugem do cafeeiro, além de várias outras doenças. Seu uso em
excesso pode levar ao acúmulo de íons de cobre no solo. Entre
os protetores orgânicos, emprega-se com frequência
ditiocarbamatos em razão de sua eficiência, baixa
fitotoxicidade e baixo custo de aquisição, suspeita-se que o
principal metabólito dos ditiocarbamatos, o etileno tiouréia, é
carcinogênico (causador de tumores malignos). Outros grupos de
protetores: Dicarboximidas, Nitrogenados alifáticos, Aromáticos.
Os produtos de
ação sistêmicas podem ser absorvidos pelas raízes ou folhas,
sendo translocados via xilema, a ação sistêmica é mais
significativa na parte inferior para a parte superior devido ao fluxo transpiratório da planta. Quando comparados aos protetores os
sistêmicos apresentam diversas vantagens:
-Consegue
atingir locais que para os protetores são inacessíveis
-Tem tempo de
ação maior que os protetores
-Requer doses
menores que as usadas com os protetores
-Consegue
atingir a parte aérea quando aplicado via solo ou em sementes
A grande
desvantagem dos sistêmicos é a pressão de seleção sobre
indivíduos aumentando a freqüência de indivíduos resistentes, os
protetores por atuarem em diversos sítios do metabolismo dos
fitopatógenos tem baixa possibilidade de desenvolverem indivíduos
resistentes. Os mecanismos de resistência envolvem: redução
da afinidade no sítio de ação; redução da absorção ou aumento
da capacidade de eliminação; destoxificação; não conversão para
o composto ativo; compensação (aumento da enzima inibida); desvio
do ciclo, estes mecanismos podem atuar em conjunto ou separadamente.
Para evitar a
seleção de indivíduos resistentes, recomenda-se: não utilizar o
produto sistêmico isoladamente (sistêmico+protetor ou rotação
de sistêmicos com modo de ação divergentes), seguir a
dose,época e período de reentrada do fabricante, não aplicar o
produto no solo para controlar doenças na parte aérea a menos que
ele tenha sido desenvolvido para ser aplicado dessa forma, adotar
manejo integrado.
Abaixo
coloquei alguns exemplos de grupos fungicidas sistêmicos, modo de
ação e o nome comercial de alguns deles, quais fungos que controlam
(lembrando que para saber se o fungicida pode ser usado ou não em
determinada cultura, você deve acessar o site agrofit, http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons para saber se o fungicida é registrado para a cultura de
interesse,caso o fungicida não apareça na lista da agrofit deve-se
utilizar outro fungicida que seja registrado)
GRUPO:
Benzimidazóis
MODO DE
AÇÃO: Interferem na biossíntese e divisão do núcleo
NOME
COMERCIAL (EXEMPLO) : Carbendazim...
CONTROLE:
Manchas foliares, antracnose, oídios, tratamento de sementes para
Fusarium sp.
GRUPO:
Triazóis
MODO DE AÇÃO:
Interferem na biossíntese de esteróis (especificamente do
ergosterol)
NOME COMERCIAL
(EXEMPLOS): Triadimenol, Tebuconazole, Metconazole...
CONTROLE:
Ferrugens, oídios, manchas foliares, antracnose...
GRUPO:
Imidazóis
MODO DE
AÇÃO: Inibidores da biossíntese do ergosterol (semelhantes ao
triazóis)
NOME
COMERCIAL (EXEMPLO): Imazalil
CONTROLE:
Pós-colheita de citros
GRUPO:
Dicarboximida
MODO DE AÇÃO:
Interferem na biossíntese de lipídios e membranas
NOME
COMERCIAL(EXEMPLO): Procimidone
CONTROLE:
Manchas foleares e podridões causadas por B.cinera, S.sclerotiorum
Os
organofosforados apresentam mesmo modo de ação e é um grupo onde
seus produtos são específicos para controle da brusone do arroz
(P.orizae)
GRUPO:
Carboxamidas
MODO DE
AÇÃO: Inibem a succinato desidrogenase, enzima que participa do
processo de respiração na mitocôndria.
NOME
COMERCIAL(EXEMPLOS) : Carboxin, Oxycarboxin...
CONTROLE:
Filo Basidiomycota (ferrugens, carvões, cáries e Rhizoctonia spp.)
GRUPO:
Estrobilurinas, descobortas recentemente por um composto produzido
pelo fungo Strobilurus tenacellus
MODO DE AÇÃO:
Inibidores de quinonas/ acoplamento no citocromo b no complexo III da
respiração.
NOME COMERCIAL
(EXEMPLOS): Azpxystrobin,tryfloxystrobin...
CONTROLE:
Ferrugens, oídios, manchas foleares,
GRUPO:
Carbamato
MODO DE
AÇÃO: Interferem na permeabilidade da membrana
NOME
COMERCIAL: Propamocarb
CONTROLE:
Oomycetes (Pythium e Phytophthora),pode ser usado na rotação com
outros produtos que também controlam esse tipo de fungo já que o
modo de ação é diferente evitando assim a resistência de
indivíduos.
Inté a
próxima.
terça-feira, 19 de julho de 2016
Como identificar deficiência de nutrientes em plantas?
No campo a
tarefa de identificar sintomas de déficit nutricional pode ser uma
tarefa desafiadora para o produtor ou técnico devido a semelhança
desses sintomas com os causados por pragas, doenças,sol, condições
de solo e por defensivos como herbicidas. Exigindo do técnico
experiência prática para evitar erros de diagnóstico evitando
prejuízo financeiro além de possíveis danos ambientais.
Para auxiliar na identificação dos sintomas, os elementos devem ser divididos de acordo com a sua mobilidade na planta, sendo classificados como elementos móveis e elementos imóveis ou pouco móveis.Porque isso é importante? Elementos móveis quando em déficit, levam as folhas mais velhas a manifestarem os sintomas primeiro (folhas mais velhas = folhas mais baixeiras) enquanto elementos imóveis ou pouco móveis quando em déficit, levam as folhas mais jovens a manifestarem os sintomas primeiro (folhas mais jovens = folhas do dossel superior).
Elementos
móveis : N, P, K, Mg.
(translocados via floema)
Elementos
imóveis ou pouco móveis: Ca, S, B, Mn, Fe, Cu, Zn.
Abaixo coloquei algumas imagens com a descrição dos sintomas de
deficiência nutricional de cada um dos elementos.
.NITROGÊNIO
Sintoma: clorose geral da folhas, iniciando
em forma de "V" na borda da folha e redução do
crescimento e desenvolvimento da planta.
.FÓSFORO
Sintoma:
plantas nanicas, folhas com coloração
arroxeada, acizentada ou azulada.
.POTÁSSIO
Sintoma:
clorose e necrose das bordas das folhas (a
clorose tem formato de "V" invertido).
.MAGNÉSIO
Sintomas:
Clorose internerval que com o passar do
tempo evolui para necrose, fazendo o sintomas ser semelhante ao de
deficiência por potássio.
SINTOMAS
EM FOLHAS MAIS JOVENS
.CÁLCIO
Sintomas:
Epinastia, deformação das folhas, morte de
regiões meristemáticas, clorose e necrose foliar na região do
pecíolo e nas bordas.
.ENXOFRE
Sintomas:
Clorose generalizada das folhas (muito
semelhante à deficiência por N porém ocorre nas folhas mais
jovens).
.BORO
Sintomas:
Semelhante a deficiência por Ca, nota-se super-brotação das rosetas folheares e da perca da dominância
apical devido a morte das regiões meristemáticas.
.ZINCO
Sintomas:
Clorose internerval semelhante a deficiência
por Mg, porém nas folhas mais jovens.
.MANGANÊS
Sintomas:
Inicialmente muito semelhante a deficiência
de Fe, clorose internerval leve, pontos cloróticos expandem e se
tornam necroses.
.FERRO
Sintomas:
Clorose internerval generalizada de tom
amarelo claro e com pontos necróticos em alguns casos.
.COBRE
Sintomas:
Murcha, deformação do limbo, clorose.
domingo, 17 de julho de 2016
#3 - Introdução a Fitopatologia, parte 1
As doenças de
plantas são responsáveis por perdas de 14% em todo o mundo,
enquanto 56,6% da população de países em desenvolvimento
(brasil-sil-sil) está engajada em algum setor agrícola essa taxa
caí para menos de 10% nos países desenvolvidos.
É por isso
que mesmo em pequenas propriedades caso tenha o controle dessas e
outras questões é totalmente possível chegar a tão sonhada
independência financeira, afinal o produtor médio brasileiro como
irei tratar mais adiante em outro post (podem me cobrar caso eu
esqueça) é o típico cara que gosta de rasgar dinheiro todo
dia e ainda se acha o dono da razão, o intocável, o sabe-tudo.
O termo
fitopatologia é originado do grego; fito = phyton (planta,vegetal),
pato = pathos (doença),
logia = logos
(tratado,estudo). Ou seja, é a ciência que estuda as doenças de
plantas, causadas por diversos agentes por exemplo:
1- Candidatus
liberibacter (bactéria,
causadora
do "greening"
também conhecida como doença do dragão amarelo);
2-
Heterodera glycines (nematóide,
causador do cisto da soja)
3-
Phakopsora pachyrhizi (fungo
, causador da
ferrugem asiática da
soja)
4-
Bean
golden mosaic virus (vírus
transmitido pela Bemisia
tabaci,
popularmente conhecida como mosca
branca)
O triângulo
da doença representa as interações patógeno, ambiente e
hospedeiro.É uma importante forma de construir um controle ao atuar
em um ou nos três vértices do triângulo partindo do conceito de
que para que ocorra doença no campo, é necessário um ambiente
favorável ao patógeno, hospedeiro suscetível e que o
patógeno esteja presente e seja capaz de causar doença.
CICLO DE VIDA
DOS FITOPATÓGENOS
a etapa de
germinação ocorre apenas para os fungos que para serem
gerados necessitam da germinação de escleródios ou esporos.
Dispersão
– Os principais meios de dispersão dos fitopatógenos são:
material propagativo infectado (mudas,por exemplo), vento
(agente de grande influência para dispersão de esporos
fúngicos), água (irrigação, chuva, etc), insetos,
implementos agrícolas, animais, homem. Este último, historicamente
tem sido o principal agente de dispersão de doenças exóticas no
país.
Inoculação
– Corresponde à
transferência do local onde o inóculo do
fitopatógeno é produzido para o ponto no hospedeiro onde ocorrerá
a infecção.É importante dizer aqui que inóculo é toda porção
do patógeno capaz de iniciar a doença e fonte de inóculo
é o local onde o mesmo é produzido,são exemplos de inóculos
(micélios, partículas virais, ovos de nematoides) e como fonte
(sementes, plantas, restos de culturas).
Penetração
– O patógeno consegue entrar
nos tecidos do hospedeiro por duas vias: direta
ou indireta.A
penetração direta é típica de nematoides e fungos, no primeiro
caso a penetração ocorre devido ao estilete do nematoide formado após a primeira ecdise e que consegue perfurar o tecido do
hospedeiro, o nematoide então de acordo com seu hábito de
parasitismo pode entrar completamente no hospedeiro ou
permanecer fora (ectoparasita).No segundo caso,os fungos após a
germinação criam um tubo
germinativo que ao alongar-se desenvolve o apressório, estrutura
responsável pela aderência do fugo ao hospedeiro e também para
auxiliar na penetração e por fim parte um primórdio de hifa mais
delgada, conhecida como hifa infectiva capaz de penetrar no
hospedeiro.
A
penetração indireta ocorre por meio de ferimentos ou aberturar
naturais (hidatódios, estômatos, lenticelas) bactérias, vírus,
muitos fungos penetram indiretamente.
Infecção
– Desencadeia dois eventos
importantes: o aparecimento de sintomas e sinais.
Sintoma
é o conjunto de alterações fisiológicas e morfológicas que ocorrem
no hospedeiro, o intervalo de tempo entre a inoculação até o
sintoma é conhecido como período de incubação.
Sinal é a presença de estruturas do fitopatógeno que
podem ser observadas e o intervalo de tempo entra a inoculação até
o sinal é conhecido com período latente.
Colonização
– Quando o patógeno ocupa os
tecidos do hospedeiro.
Reprodução
– A reprodução do fitopatógeno pode ocorrer no interior dos
tecidos ou externamente a eles.
Sobrevivência
– Etapa que garante a sobrevivência dos fitopatógenos por meio de
estratégias na ausência de hospedeiro e/ou situações críticas do
clima. Os fungos por exemplo, sobrevivem na forma de
micélio ou através de
estruturas de sobrevivência: escleródios
ou esporos.
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